sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"A ideia resultou no projeto Casa Maranguape."

Do litoral brasileiro para a estrutura interna das habitações. O côco, cuja utilidade já é conhecida no setor alimentício, pode ganhar outra função: compor o material usado para a construção de casas. Um estudo do professor Adeíldo Cabral, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (Ifet), analisa os resultados das fibras do vegetal como insumo para o tijolo do tipo adobe. Iniciada em 2006, a pesquisa é pioneira no país.

O pesquisador explica que os tijolos convencionais usados em edificações não levam fibras em sua constituição. Os do tipo adobe, no entanto, usam o material, combinado com argila, areia e pequenas rochas. Já existe produção, inclusive, usando vegetais como o sisal. No estudo desenvolvido, a inovação consistiu em usar a fibra de côco como esse insumo, em uma proporção de 10 a 15%, junto com 40% de argila, 30% de areia e o resto de pedregulho.

O produto fabricado foi utilizado no projeto Casa Maranguape, uma parceria entre a prefeitura de Maranguape (município da Região Metropolitana de Fortaleza), a Universidade Federal do Ceará e o Ifet. Sob a coordenação do professor Adeíldo, o projeto visa construir três casas na região.

“A primeira casa foi construída em combinação com materiais convencionais, que apresentam concreto em sua estrutura. Hoje funciona uma escola no local. Além disso, o prédio é utilizado para reuniões da associação de moradores”, diz o pesquisador. A próxima etapa do projeto visa à construção de duas casas através do uso exclusivo de materiais não convencionais, como o adobe.

Atualmente, o projeto procura parceiros para financiar essa etapa. Para Adeildo, a meta é pesquisar e gerar uma casa de baixo custo, fácil construção e segura para a população.

Idéia nasceu há algum tempo

Segundo o pesquisador, ele já tinha desenvolvido uma pesquisa com o objetivo de utilizar fibras de côco, juntamente com os resíduos da combustão da castanha de caju, na fabricação de telhas. O resultado, no entanto, não foi satisfatório. “A queima da castanha produzia muito carbono e gerava fungos na telha”, diz Adeíldo.

Paralelo a esse estudo, o geógrafo desenvolveu outro projeto com o intuito de analisar a inserção das fibras de côco em tijolos do tipo adobe. O resultado obtido teve um melhor desfecho. “As fibras de côco deram mais resistência ao tijolo”, afirma.

A pesquisa utilizou restos de côcos já consumidos pela população. Segundo Adeíldo, em torno de 8% do lixo de cidades litorâneas tem côco verde e isso se acentua no verão. Esse material, observa o geógrafo, poderia ser reutilizado na fabricação de tijolos.

( Link da matéria original: http://funcapciencia.funcap.ce.gov.br/noticias/fibras-de-coco-podem-ser-usadas-para-fortalecer-habitacoes )

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